Foto: Pedro Piegas (Diário)
Com preço baixo, silos e depósitos estão cheios de soja
As colheitas de soja e arroz já foram concluídas no Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS. Em Santa Maria, a soja teve produção acima da média esperada, conforme a Emater municipal, e o arroz registrou uma redução de cerca de 12%, de acordo com o escritório municipal do Instituto Riograndense do Arroz (Irga).
Para a soja, foram 49,3 mil hectares plantados e a produtividade teve média de 55 sacas por hectare, conforme o chefe do escritório municipal da Emater em Santa Maria, Guilherme dos Santos. Em relação ao ano passado, foram cultivados 100 hectares a mais do grão na cidade e a colheita cresceu 3,09%. Contudo, Santos diz que a safra foi considerada normal:
- No geral, a safra foi dentro do padrão, com produtividade um pouco mais elevada que no ano passado. Essa mudança está ligada ao fato de que o fator climático ajudou mais a safra neste ano. Isto aliado ao uso da tecnologia na lavoura. O agricultor está produzindo mais, por que está usando de tecnologias - avalia o chefe da Emater.
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Enquanto a soja registrou aumento de produção, a safra de arroz apresentou queda de 12% por hectare e 28% em produção total, em comparação ao ano passado. A informação é do responsável pelo Irga Santa Maria, Gionei dos Santos, que apresenta como motivo a redução do total de área plantada entre uma safra e outra.
De acordo com Gionei, a safra foi menor em todo o país. Ele pontua que esta é a menor colheita de arroz do Brasil dos últimos 11 anos.
PREÇOS
Apesar de a safra de soja ter aumentado, os produtores do grão enfrentam queda nos preços. Em 2018, a saca chegou a preços acima de R$ 80 por unidade e agora, a média, está entre R$ 73 e R$ 75. Entretanto, o chefe do escritório da Emater em Santa Maria, Guilherme Santos, diz que há perspectiva de melhora nos preços.
Já para o arroz, o preço, que está na média de R$ 44 por saca, deve subir, conforme o responsável do Irga em Santa Maria.
- Com menos oferta, é comum que tenha alta nos preços de compra e venda - diz Gionei.
DEPÓSITOS ESTÃO LOTADOS À ESPERA DE RECUPERAÇÃO DO MERCADO
Os preços baixos de venda da soja resultam em silos e depósitos cheios do grão, já que os agricultores seguram a produção para venda em um momento de melhora dos valores.
O coordenador técnico da Cooperativa Agrícola Mista de Nova Palma (Camnpal), Aloisio Giovelli, diz que, neste momento, os produtores vendem apenas o necessário para quitar as dívidas de custos da safra. Giovelli lembra que, em julho, os agricultores começam as negociações com bancos de empréstimos para a próxima safra e se estiverem com dívidas em aberto não conseguem recursos.
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Na Cooperativa Agropecuária Júlio de Catilhos (Cotrijuc), os depósitos também permanecem lotados, conforme o gerente comercial, Luiz Cesar Moro. Ele diz que o cenário é o mesmo: vendas apenas para quitar custeios.
ESTRATÉGIAS
O agricultor Nelson Luiz Piccin, 55 anos, que mantém cerca de 100 hectares de soja em Nova Palma, conta que já chegou a segurar os grãos de uma safra por dois anos para conseguir um preço melhor de venda.
E o produtor de Boca do Monte Valmor Campagnolo, 48, conta que para este ano vai seguir a estratégia de guardar a soja e o arroz até conseguir preços melhores. Para o próximo ano, ele planeja arrendar as terras, em vez de plantar.
PRODUTIVIDADE NA REGIÃO CENTRAL
Em comparativo entre as colheitas de 2018 com a deste ano,
a média de sacas por hectare é:
2018 2019
Soja 47 50
Arroz 144 138